São
processos subconscientes que permitem à mente encontrar uma solução para
conflitos não resolvidos ao nível da consciência. A psicanálise supõe a
existência de forças mentais que se opõem umas às outras e que batalham entre
si. Freud utilizou a expressão pela primeira vez no seu "As neuroses e
psicoses de defesa", de 1894. Os mecanismos de defesa mais importante são:
Repressão, que é afastar
ou recalcar da consciência um afeto, uma idéia ou apelo do instinto. Um
acontecimento que por algum motivo envergonha uma pessoa pode ser completamente
esquecido e se tornar não evocável.
Defesa de reação, que consiste
em ostentar um procedimento e externar sentimentos ambos opostos aos impulsos
verdadeiros, quando estes são inconfessáveis. Um pai que é pouco amado, recebe
do filho uma atenção por vezes exagerada para que este convença a si mesmo de
que é um bom filho.
Projeção. Consiste em
atribuir ao outro um desejo próprio, ou atribuir a alguém, algo que justifique
a própria ação. O estudante cria o hábito de colar nas provas dizendo, para se
justificar, que os outros colam ainda mais que ele.
Regressão é o retorno a
atitudes passadas que provaram ser seguras e gratificantes, e às quais a pessoa
busca voltar para fugir de um presente angustiante. Devaneios e memórias que se
tornam recorrentes, repetitivas. Aplica-se também ao regresso a fases
anteriores da sexualidade, como acima..
Substituição. O inconsciente,
em suas duas formas, está impedido de manifestar-se diretamente à consciência,
mas consegue fazê-lo indiretamente. A maneira mais eficaz para essa manifestação
é a substituição, isto é, o inconsciente oferece à consciência um substituto
aceitável por ela e por meio do qual ela pode satisfazer o Id ou o Superego. Os
substitutos são imagens (representações analógicas dos objetos do desejo) e
formam o imaginário psíquico que, ao ocultar e dissimular o verdadeiro desejo,
o satisfaz indiretamente por meio de objetos substitutos (a chupeta e o dedo,
para o seio materno; tintas e pintura ou argila e escultura para as fezes, uma
pessoa amada no lugar do pai ou da mãe, de acordo com as fases da sexualidade,
como acima).
Além dos
substitutos reais, o imaginário inconsciente também oferece outros substitutos,
os mais freqüentes sendo os sonhos, os lapsos e os atos falhos. Neles,
realizamos desejos inconscientes, de natureza sexual. São a satisfação
imaginária do desejo. Alguém sonha, por exemplo, que sobe uma escada, está num
naufrágio ou num incêndio. Na realidade, sonhou com uma relação sexual
proibida. Alguém quer dizer uma palavra, esquece-a ou se engana, comete um
lapso e diz uma outra que o surpreende, pois nada terá a ver com aquela que
queria dizer: realizou um desejo proibido. Alguém vai andando por uma rua e,
sem querer, torce o pé e quebra o objeto que estava carregando: realizou um
desejo proibido.
Sublimação. A Ética pede a
renúncia às gratificações puramente instintuais por outras em conformidade com
valores racionais transcendentes. A sublimação constitui a adoção de
um comportamento ou de um interesse que possa enobrecer comportamentos que são
instintivos de raiz Um homem pode encontrar uma válvula para seus impulsos
agressivos tornando-se um lutador campeão, um jogador de fotball ou até mesmo
um cirurgião. Para Freud as obras de arte, as ciências, a religião, a
Filosofia, as técnicas e as invenções, as instituições sociais e as ações
políticas, a literatura e as obras teatrais são sublimações, ou modos de
substituição do desejo sexual de seus autores e esta é a razão de existirem os
artistas, os místicos, os pensadores, os escritores, cientistas, os líderes
políticos, etc.
Transferência. Freud afirmou
que a ligação emocional que o paciente desenvolvia em relação ao analista
representava a transferência do relacionamento que aquele havia tido com seus
pais e que inconscientemente projetava no terapeuta. O impasse que existiu
nessa relação infantil criava impasses na terapia, de modo que a solução da
transferência era o ponto chave para o sucesso do método terapêutico. Embora
Freud demorasse a considerar a questão inversa, a da atratividade do paciente
sobre o terapeuta, esse problema se manifestou tão cedo quanto ainda ao tempo
das experiência de Breuer, que teria se deixado afetar sentimentalmente por sua
principal paciente, Bertha Pappenheim
Os mecanismos
de defesa são aprendidos na família ou no meio social externo a que a
criança e o adolescente estão expostos. Quando esses mecanismos conseguem
controlar as tensões, nenhum sintoma se desenvolve, apesar de que o efeito
possa ser limitador das potencialidades do Ego, e empobrecedor da vida
instintual. Mas se falham em eliminar as tensões e se o material reprimido
retorna à consciência, o Ego é forçado a multiplicar e intensificar seu esforço
defensivo e exagerar o seu uso. É nestes casos que a loucura, os sintomas
neuróticos, são formados. Para a psicanálise, as psicoses significam um severa
falência do sistema defensivo, caracterizada também por uma preponderância de
mecanismos primitivos. A diferença entre o estado neurótico e o psicótico
seria, portanto, quantitativa, e não qualitativa.
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